MERCS
ATENÇÃO PRIMÁRIA ‘A SAÚDE
POSTO DE SAÚDE DA FAMÍLIA
Data: 07/07/2000
PROJETO PARA DESENVOLVIMENTO E IMPLANTAÇÃO DO “MERCS”
01. EQUIPE ENVOLVIDA: (no final deste documento)
02. TÍTULO DO PROJETO:
MERCS – Mercado de Troca de Serviços
03. DESCRIÇÃO DO PROJETO:
Associação de pessoas em mutirão permanente, visando forma alternativa e complementar de organização social para possibilitar a obtenção de trabalho. Independente da situação de desempregados poderem em parceria ocupar-se, tornando-se úteis uns aos outros.
04. JUSTIFICATIVA:
A ociosidade:
Há uma realidade social que se repete em cada local, nos bairros, nas microáreas do psf, nos municípios, de forma insidiosa traduzindo o desequilíbrio da renda nacional. A exclusão social insiste em se perpetuar a despeito da conscientização que se amplia quanto a esse problema. Os programas de assistência do poder público funcionam como socorro imediato a uma situação inadiável. Embora eficazes, são insuficientes. Contudo, as famílias continuam reféns das condicionantes históricas que as impedem de buscar suas próprias soluções. Grassa de forma endêmica a ociosidade no seio das famílias ceifando um período de suas existências que seria o mais produtivo, e certamente que não será renovável.
A susceptibilidade às doenças:
Como conseqüência, num processo social que vai diretamente da ociosidade ao vício, observa-se a predisposição ‘as doenças. Atuar preventivamente na manutenção da saúde envolve viabilizar opções de ocupação para as pessoas de forma a distanciá-las das condições de risco.
A violência urbana:
Em ociosidade o jovem assiste impotente ao desfile deslumbrante da sociedade de consumo. Ele se encontra num conflito existencial entre ficar à margem ou forçar por meios perigosos a obtenção de uma fatia de consumo. Submetida que está a sua mente aos únicos valores que conhece, os da sociedade de consumo; não lhe é dada oportunidade de criar valores substitutivos, que possam preencher de qualidade de vida a sua relação social entre os seus pares. A concentração da renda provoca em nível regional e global uma constante e insidiosa expansão das massas carentes e do desemprego, não somente da pobreza, mas pior ainda, da miséria. Esta quando em revolta instalada no âmago das pessoas fomenta o tresloucado gesto, a maquinação do crime, o surgimento da violência.
Uma “pesquisa de campo”:
No decorrer de dois anos de consultas médicas na comunidade do PSFC xxxxxxxxxx foi inserida sistematicamente a pergunta sobre a atividade profissional do paciente, o que resultou no mapeamento das profissões existentes na área (que consta do item 17 do anexo deste projeto com o título: O que é diversidade de serviços do Mercs). Foi possível constatar e inferir 124 tipos diferentes de profissões. Observou-se ainda empiricamente, que o profissional habituado a procurar trabalho ou emprego demorava (em 2001 e 2002) cerca de 10 meses para conseguir nova ocupação. Mas, numa freqüência modal é comum um intervalo entre um emprego e outro de cerca de 02 anos.
As perguntas fundamentais:
De forma alternativa e complementar seria possível aos desempregados trabalhar e serem úteis sem terem emprego? Como poderiam se ocupar? O que poderiam ganhar em troca que não fosse dinheiro? A resposta paradoxal poderá ser: Voltar ao escambo fazendo troca de serviços. Não desordenadamente, mas criando o MercS.
05. OBJETIVOS:
Prevenção ‘a ociosidade. Permitir opção complementar ou alternativa de trabalho sem depender de emprego.
06. PÚBLICO ALVO:
Homens e mulheres na faixa etária produtiva entre 18 e 55 anos, por exemplo, ociosos ou desempregados. Circunscritos geograficamente em comunidades no estilo de cobertura do PSF equivalentes a grupos de cerca de 1000 famílias.
07. OPERACIONALIZAÇÃO;
a) Captação dos indivíduos com potencialidades de participação no Mercs, nas microáreas, identificados através do acompanhamento feito pelo ACS nas visitas ‘as famílias.
b) Capacitação dos indivíduos sobre o MercS ministrando-se o conteúdo do anexo desse projeto em um curso de “qualidade de vida”. Os temas integram os módulos: 1. Visão Econômica, 2. Visão sócio-política, 3. Visão Jurídica.
c) Estímulo ‘a criação e implantação do primeiro MercS.
08. ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO E CRONOGRAMA:
a) Discutir a inclusão dessa ação de criação do MercS como um dos itens, trabalho e ociosidade, do “Plano de Intervenção” do SARTE.
b) Criar o “Grupo Qualidade de Vida” para desenvolver o curso de capacitação, estimando-se reuniões das 13:00 ‘as 14:30 horas, nas terças, quartas e quintas feiras, o que possibilitaria abordar cada um dos módulos em cerca de 02 meses, perfazendo uma duração de 06 meses.
09. RECURSOS HUMANOS:
a) Facilitadores do grupo “qualidade de vida”.
b) Equipe do PSC- Posto de Saúde em Casa (PSF – Programa de Saúde da Família)
c) Equipe do SARTE – Saúde Arte e Educação
d) Gerência da atenção primária ‘a saúde.
10. RECURSOS MATERIAIS:
a) Auditório do PSF
b) Recursos áudio-visuais.
c) Prêmio de estímulo aos 03 primeiros colocados na capacitação.
11. CONTEÚDO TEÓRICO:
Anexos com a programação dos conteúdos da
1. Visão econômica.
2. Visão sócio-política.
3. Visão jurídica.
12. ESTRATÉGIA DE DINÃMICA DE GRUPO:
Dramatização na abertura do curso de capacitação sobre o mercado de troca de serviços com os elementos:
a) Cenário: O portal do Mercs onde é dita a palavra de acesso. A praça de serviços. O painel de oferta de serviço. O painel de procura de serviço. O livro de troca de serviços. O trono central onde repousa a “sabedoria máxima”.
b) Personagens: Os profissionais que entram e os que ficam de fora. O guardião externo. O mestre sala de dentro do MercS. Os profissionais que integram a praça de serviços. O escriba do livro de trocas. A fada que porta a “sabedoria máxima”.
c) Falas: A palavra de acesso: “escambo”. A interpelação do profissional pelo mestre sala. A declaração da profissão por cada um. O pedido de inclusão (o contrato). O registro do serviço que cada um oferta. O registro do serviço que cada um necessita. O crédito de abertura na aceitação de cada membro. As trocas de serviços. O registro de cada trabalho feito no “livro de trocas de serviços”. As regras do MercS. A impossibilidade de tomar serviço se não dispuser de crédito no “livro de trocas de serviços”. A sabedoria máxima: “No MercS é proibido circular dinheiro”.
13. PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO:
Curso de qualidade de vida para capacitação em MercS:
a) Acompanhamento: Freqüência aos módulos.
b) Avaliação: Teste em cada módulo para introduzir o módulo seguinte.
c) Avaliação dos objetivos: Criação do MercS na Associação de moradores do bairro.
14. EXPECTATIVAS FUTURAS:
Espera-se avanços nas formas de organização social a partir da própria comunidade, numa postura de não esperar sempre por ajuda. Assumindo iniciativas quanto ‘as suas próprias possibilidades de melhorar sua qualidade de vida. Os integrantes do MercS devem sentir-se como únicos responsáveis pelos seus impasses ou pelos seus sucessos. Espera-se que cada MercS criado seja auto-reprodutivo na medida atingindo um tamanho limite pré-estabelecido, venha a se fragmentar em 02 outros MercS novos.
, setembro de 2003
| Assinaturas: | Equipe: | |
ANEXOS: CONTEÚDO DOS MÓDULOS
Abordagens:
A) Visão econômica.
B) Visão sócio-política.
C) Visão jurídica.
A) Visão econômica:
01. O que é mercado?
02. O que é empresa?
03. O que é estado (governo)?
04. O que é “bancar o jogo” ?
05. O que é inflação?
06. O que são fatores da produção?
07. O que são setores da produção?
08. O que são os tipos de produtos?
09. O que é Lei da oferta e procura?
10. O que é mercado de concorrência perfeita (Adam Smith)?
11. O que é mercadoria, troca, monetarismo, escambo ?
12. O que é política monetária e política fiscal?
13. O que é nível de investimento por cada emprego gerado?
14. O que é qualificação profissional ?
15. O que é o “MERCADO DE SERVIÇOS - MercS”?
15.1 O que é mutirão?
15.2 O que é ticket-serviço ou vale-serviço?
15.3 Como escriturar os tickets-serviço?
15.4 O livro de contas/correntes ou de troca de serviços.
16. O que é a “PRAÇA DE SERVIÇOS” do MercS?
17. O que é diversidade de serviços do MercS?
B) (para desenvolvimento seguinte à visão econômica):
Visão socio-política:
01. O que é a organização social?
01.1 A família.
01.1.1 A organização familiar matriarcal.
01.1.2 A organização familiar patriarcal.
01.1.3 A organização familiar atual, o trabalho feminino, a maturidade, o não ao paternalismo oficial.
01.2 A propriedade privada.
01.3 A propriedade jurídica.
01.4 Os bens de uso.
01.5 Os bens de produção (matérias primas, meios de produção).
02. O que é a organização do Estado?
02.1 Os três poderes.
02.2 A autonomia dos poderes.
02.3 A autonomia Municipal, Estadual, Federal.
02.4 Princípios da democracia.
02.5 Formas anômalas: ditadura, oligarquia, aristocracia, etc
02.6 Ética e Política.
C) Visão jurídica:
01. O que é Direito?
02. Quais as áreas do Direito?
03. O que é pessoa física e pessoa jurídica?
04. O que é “contrato”?
05. O que é empresa privada?
06. O que é empresa estatal e/ou pública?
07. O que são autarquias, fundações, cooperativas, ongs ?
08. O que é entidade sem fins lucrativos ?
09. Como pode ser um “MERCADO DE SERVIÇOS - MercS”?
07/07/2000 – Franklin D. Silva - implantação do PSF de Bela Vista – Progr. Do Ministério da Saúde
01. EQUIPE ENVOLVIDA:
| SERVIÇO | FUNÇÃO | NOME |
| PSF | MÉDICO | Franklin D. Silva |
| | ENFERMEIRA | |
| | Aux. ENFERMAGEM | |
| | ACS - Agente Comunitária Saúde | |
| | ACS - “ “ “ | |
| | ACS - “ “ “ | |
| | ACS - “ “ “ | |
| | ACS - “ “ “ | |
| | ACS - “ “ “ | |
| SARTE – | Psicóloga | |
| (Saúde Arte e educação) | | |
| | | |
| Supervisão | | |
| Coordenação | | |
| Conselho Local Saúde | CLS - Conselheiro | |
| | CLS - “ | |
| | CLS - “ | |
| | CLS - “ | |
07/07/2000 – Franklin D. Silva - implantação do PSF de Bela Vista – Progr. Do Ministério da Saúde
